terça-feira, 1 de dezembro de 2009

A flor.




Derrepente ela mudou. O tic-tac no relógio ia dando o tom e, passo a passo fez-se muda. Ela mudou, mas agora parecia formidável, cabia-lhe até um clichê. Desabrochara em flor... Enquanto isso o riso de "Mariana" dourava-lhe a face.
Tempo, tempo. Agora parecia emudecer junto com o resto do mundo. E o resto do mundo parecia ter ensurdecido também. Talvez por isso ninguém pode ouvir seus passos cheios, de quê? Ou talvez tivessem mais o que caminhar... Isso também a ela pouco importava agora, estava mais interessada em ater-se à meia-lua que insistia em contemplar o fim de tarde.
Passos lentos na multidão cinzenta. Ela não, ela reluzia. Mas o mundo parecia cego também, e ninguém pode mesmo perceber no seu meio sorriso o beijo escondido a tarde inteira. Acostumara-se. E tinha outro jeito? Tinha não. E como isso soava bom! Correu lentamente a mão, meio sem jeito, pelo canto da boca e esboçou a outra metade do sorriso. Parece que havia gostado da hipótese de segredar o seu beijo escondido.
A tarde ia alaranjando nuvens longitudinais. Longe, longe. Uma brisa de inverno rodopiava em seus cabelos cor de ferrugem. Olhos no relógio. Apressara os passos rumo ao norte, antes que... Tic-tac. As nuvens se precipitaram, e precipitaram-se sobre a flor que derrepente murchara num canteiro. Mal dera tempo de abrir o guarda-chuva.





Outras Coisas Venenosas...

Outras Coisas Venenosas...